segunda-feira, 15 de agosto de 2016

CAPÍTULO 15: QUEM SOU EU? EU SOU A TUA VONTADE MEU DEUS!


Jesus disse: “Pai, se for possível, afasta de mim este Cálice. Porém, que prevaleça a Tua vontade em detrimento da Minha.” 44

a)  UMA CRÔNICA SOBRE VIRGÍNIA WOOLF
            Descobri uma mulher que era o mesmo transtorno que eu tenho, mas ela tinha diferente de mim. Virgínia Woolf era bipolar. Virgínia Woolf nasceu numa família boa e de posses. O pai de ela era dono de uma Editora e sempre a incentivava a ler e interpretar o mundo. Ela viveu numa época em que a medicina era pouco ou quase nada avançada e a mulher era muito perseguida e oprimida. Aí ela sentiu a necessidade de escrever sobre as mulheres e sobre a vida e, de tanto escrever ela alcançou o infinito da PERFEIÇÃO. O preço da PERFEIÇÃO foi cobrado à duras penas... O infinito ficou pequeno demais para alguém tão EXCESSIVAMENTE PERFECCIONISTA.

Imagem de Virgínia Woolf

Em seu último bilhete para o marido, Leonardo Woolf, Virginia escreveu:

Querido,
Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade. Você foi bom para mim, como ninguém poderia ter sido. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim, mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V.
45

          Com isso, gostaria apenas de esclarecer a existência de dois pontos de fundamental importância que fizeram a diferença entre o suicídio de Virgínia Woolf e a minha sobrevida. O primeiro e mais importante ponto, que me faz permanecer respirando mesmo em tempos que exigem de nós mais do que podemos oferecer, é a presença de Deus em nossas vidas. O segundo ponto que eu considero importante é o desenvolvimento tecnológico e científico, principalmente na área da medicina.
       Quando nós vivemos em função dos outros estamos supervalorizando o efêmero e fugaz em detrimento daquilo que é verdadeiro e eterno em nós. Existe uma indagação em minha mente que inflama minha alma e aquece o meu coração: “Por que uma mente tão complexa nascer numa família tão simples e humilde? Talvez seja para dar o testemunho de vida! Os OPOSTOS se DISTRAEM os DISPOSTOS se ATRAEM nos preconiza a música “REALEJO” de Fernando Anitelli... Eu sou a prova viva de que as LEIS DA FÍSICA também se aplicam, em alguns casos, às CIÊNCIAS HUMANAS”.

b)  QUANDO O PECADO DEIXA DE SER PECADO E PASSA A SER RESSENTIMENTO
            Por onde começar? Bem, tem uma coisa que acho bem difícil de fazer e acontecer na vida de muitas pessoas. Você já tentou perdoar-se? Para receber o perdão de Deus aparentemente é muito fácil?! Basta arrependimento verdadeiro acompanhado de conversão. “Deus é a SUPREMA MISERICORDIA!46 Então por que não acreditar em algo bom? É porque acreditar no que não se vê é difícil e para acreditar naquilo que se lê requer muita imaginação. Infelizmente, a imaginação do adulto não é do tamanho da fé inocente de uma criança. Por que vocês acham que Jesus disse: “Venham as minhas criançinhas!47? Por que nós adultos não nos tornamos as “criançonas” de Deus? Pergunta a uma criança que ainda não saiba usar o Computador e a Internet, se ela acredita em Papai Noel?! A criança com certeza vai abrir um sorriso e dirá: “Ele traz o meu presente no Natal, tem gorrinho vermelho, barba branca, bochechas lindas e rosadas, mora no Pólo Norte, viaja o mundo todo voando num trenó e entrega todos os presentes numa única noite, só ainda não consegui entender como ele entra na minha casa se nós não possuímos chaminé, além disso, gostaria que ele fosse mais generoso com as crianças pobres.” Agora experimenta perguntar a um adulto se ele acredita em Papai Noel?! O Adulto dirá: “Eu me visto de Papai Noel todo final de ano só para enganar àquela criança boba dizendo a ela que foi o Papai Noel que trouxe o presentinho dela.” Caso dissesse a verdade: “Minha criança, o seu presente custou R$300,00 e foi comprado com o uso do meu cartão de crédito. Papai Noel não existe, ele é uma fraude criada pelo Tio Sam para vender materialismos no Natal”. Rapaz, caso fizesse uma maldade dessas, iria acabar com a magia, o encantamento, a única graça que ainda faz a gente sorrir e os nossos olhos brilharem nos dias de hoje: a fé inocente de uma criança!
            Quando a gente vai ficando adulto, a barriga vai crescendo, os cabelos vão caindo e a fé inocente da nossa primeira infância vai diminuindo... Contudo, Jesus nos convida continuamente: “Venham as minhas criancinhas, pois delas é o Reino dos Céus!48

c)  A RESPOSTA QUE EU PROCURO
            Num passado não muito distante, vivia procurando respostas para minha vida. E a pergunta que todo ser humano se faz na adolescência é a mais complexa possível para uma mente onde reina a imaturidade. Essa pergunta configura-se na busca do adolescente por uma identidade: “Quem sou eu?” É na adolescência que o ser humano se reconhece como indivíduo único e especial! Sempre vivi em conflito com essa indagação rondando o meu pensamento e sem encontrar resposta alguma, porque no mundo o verbo que domina a vida da maioria das pessoas é o “ter” e não o “SER”. Você já deve ter ouvido aquela famosa frase: “Na vida você vale o que têm!” Contudo, essa questão me causava tanto conflito pelo simples fato de eu não haver colocado, até aquele momento, Deus como foco principal. Deus era um personagem, até então, secundário em minha vida. Sempre desviava o meu olhar para as coisas do mundo e, ao mesmo tempo em que ficava deslumbrado com o número de possibilidades, também me frustrava com os “NÃOS” recebidos. Tudo isso, por que eu era alguma coisa, mas não tinha nada. Felizmente, um dia encontrei a Deus e nas mil e uma conversas que tive com Ele, encontrei a resposta que procurava. Deus me falou através do Seu Evangelho várias coisas bonitas e uma delas me tocou o coração profundamente. “Quem sou eu? Eu não sou rico, nem pobre; não sou bonito, nem feio; não sou forte, nem fraco; na verdade, sou aquilo que Deus quiser que eu seja! Porque Ele é o Senhor da minha existência!
           
           MANIA e/ou HIPOMANIA: Era tanta “felicidade” que parecia até pecado!
           DEPRESSÃO: Era tanta tristeza que se tornara puramente pecado!
           EUTIMIA: Equilíbrio emocional em doses generosas torna-nos livres para viver a santidade.

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44 Mt 26, 39
45 O texto em itálico foi retirado do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia_Woolf
46 Sl 6
47 Lc 18, 15-17
48 Lc 18, 15-17



FONTE: ARAÚJO, Denio Medeiros de; SIMPLESMENTE BIPOLAR; 1º Edição Digital, Caicó: Editora Blogger, 2016.

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