quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VIVENCIANDO O PROCESSO DE CURA!

Talvez a mais importante razão pela qual nós três propusemos escrever este livro tenha sido a CURA que vivenciamos ao fazer juntos um retiro de oito dias. Todas as manhãs, começávamos a ler a descrição de um dos estágios de Erikson. Em seguida passávamos o dia em ORAÇÃO, refletindo sobre nossas recordações positivas e negativas daquele estágio de vida. Finalmente à noite partilhávamos as nossas lembranças e então orávamos um com o outro para que fosse curada toda e qualquer lembrança negativa e para que recebêssemos os DONS e FORÇAS  das lembranças positivas. No decorrer de cada um dos capítulos que se seguem e que não serão postados no BLOG visando Preservar a Indústria Editorial, estaremos compartilhando as experiências vivenciadas nesse retiro e, o que é muito mais importante, vamos servir-nos dessa mesma estrutura (breve descrição do estágio de desenvolvimento, reflexão sobre lembranças positivas e negativas e oração pela CURA) de modo que você possa vivenciar o mesmo processo que curou a nós e a muitos outros, como, por exemplo Linda.

A cura acontece não só quando se curam lembranças negativas, mas também quando se recebe força das lembranças positivas. Um casal, cujos problemas conjulgais através dos anos o haviam levado à beira do divórcio, falou-nos a respeito do poder das lembranças positivas. O marido, que é psicoterapeuta, expôs todas as diferentes técnicas de aconselhamento que já haviam tentado um com o outro.
  • Nenhuma delas conseguiu ajudar-nos. O ponto decisivo de nosso casamento foi o dia em que minha esposa voltou do consultório médico. O médico lhe havia dito que provavelmente ela tinha CÂNCER. Quando me contou isso, a primeira coisa que fizemos foi chorar juntos. E então minha esposa disse: "Você tem sido um ótimo marido. Quando eu morrer, quero que você me prometa que vai se casar com outra pessoa e dar a ela todo o AMOR que você me dedicou." Então começou a desfiar todas as suas recordações de quando eu lhe havia manifestado AMOR, como quando construí uma estufa para todas as suas plantas. Depois disso, voltamos a chorar juntos e eu lhe contei as lembranças que tinha de quando ela me demonstrara AMOR. Retornar essas lembranças foi o que curou nosso casamento. Elas nos deram o desejo e a esperança de amar-nos um ao outro das muitas maneiras que nosso CORAÇÃO andava esquecendo. 
Sendo assim, lembranças positivas facilitam a CURA, permitindo-nos focalizar menos o problema e mais o AMOR que temos recebido. O que nos dá ânimo para mudar não é a força de vontade, mas o AMOR. Por anos a fio esse casal havia dispendido enorme soma de boa vontade e tomado centenas de resoluções na tentativa de resolver seus problemas conjulgais. A CURA acontece quando recebemos AMOR e então deixamos o AMOR alcançar nossas mágoas. É talvez por isso que I João 4, 10 diz: "Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou." É o que nos diz santo Inácio em suas normas para o discernimento  de espíritos: quando nos sentimos deprimidos ou em estado de desolação, devemos voltar às lembranças positivas de consolação e absorver mais uma vez o AMOR contido nessas lembranças.
Grande parte dos textos bíblicos é um relato de como pessoas abatidas recebem força voltando-se para recordações positivas. Tomemos como exemplo o sexto século a.C., quando dêutero-Isaías e o povo judeu se encontravam cativos na Babilônia, segregados de seu templo e de sua pátria. Para manter viva a esperança dos judeus, Isaías comparava sua situação com a dos patriarcas hebreus no Egito, sete séculos antes. Os antigos judeus passaram pela experiência do cativeiro no Egito como um tempo para entender a fidelidade de Javé e para formar os laços da grande nação judaica. Dessa mesma forma o dêutero-Isaías desafia os judeus cativos da Babilônia a olhar para diante, com vistas à vivência de um relacionamento mais profundo com Javé e de um com o outro (cf. Is 41, 15; Ex 14, 21), da mesma forma como ocorrera aos judeus cativos no Egito. Muito mais tarde, os judeus dos tempos de Jesus (sob a dominação romana) iriam celebrar a ceia da Páscoa, que durante séculos havia sido o caminho para retornar as lembranças positivas da fidelidade de Javé para com seus patriarcas quando sujeitos à dominação egípcia. Essa ceia pascal com seu cálice de bençãos, essa celebração de lembranças positivas, foi o que Jesus escolheu como cenário quando quis instituir a eucaristia. Por isso, não há surpresa nenhuma no fato de eucaristia, em grego, querer dizer "ação de graças" e ser um convite para diariamente celebrarmos e deixarmos que o AMOR de Jesus nos RENOVE, especialmente por meio de nossas recordações positivas.

Quando nos enraizamos no AMOR de Jesus, enchemo-nos de forças para transformar nossas lembranças negativas de tempos de dor em tempos de DOM, precisamente como Ele fez em Sua própria Vida. Foi assim que Jesus transformou a mágoa de sua infância, como refugiado e estrangeiro no Egito, no DOM de AMAR os excluídos e os estrangeiros SAMARITANOS; sua mágoa de adolescência por causa da morte de seu pai adotivo, José, no DOM de desejar ardentemente seu Abba, o Pai; sua mágoa adulta, de ver frustrados seus esforços, no DOM de compaixão  por aqueles que, como o BOM LADRÃO (cf. Lc 23, 39), se consideravam inferiores. Jesus nos promete que as maiores dores em cada um dos estágios de vida, serão nossos maiores DONS.

O lema de Dag Hammarskjold será nossa prece por este livro: "Por tudo o que já ocorreu, obrigado! Por tudo o que ainda virá, sim!"

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